Introdução sobre Linguística Estrutural
A Linguística Estrutural, proposta pelo filósofo e linguista Ferdinand Saussure na segunda metade do século XX, era um dos modos mais comuns de análise da língua, explorando as inter-relações através das quais o significado é produzido dentro de uma cultura. A partir da década de 60, foram notadas algumas falhas de análise da língua na Linguística Estrutural, como:- separação da língua e da fala;
- preocupação com a frase e não com o texto;
- exclusão da situação comunicativa;
- abordagem superficial das questões de sentido e significado da linguagem;
- exclusão das condições de produção da linguagem.
Para preencher tais lacunas outras teorias foram propostas, as quais serão explicadas abaixo.
A Sociolinguística
Disciplina linguística responsável por estudar os aspectos resultantes da relação língua/sociedade, focando na variabilidade social da língua. Assim, a sociolinguística tem como objetivo principal estudar a influência da sociedade na língua.
Podemos citar como exemplo a mudança no português falado em Lisboa após a grande imigração de origem africana. Também é possível observar que a língua muda de geração para geração e que palavras como "chato", "chatice" e "chatear", que na década de 60 eram consideradas de baixo calão, atualmente circulam em um nível corrente de linguagem.
A sociolinguística procura explicar também a formação de variantes de prestígio, como as designações de "português padrão" ou "português correto".
A Etnolinguística
Ramo da linguística que estuda a relação entre cultura e língua e tem como foco analisar a linguagem das comunidades indígenas e como ela está relacionada às peculiaridades da vida primitiva, suas crenças e folclores.
Os primeiros estudos etnolinguísticos datam do século XIX, quando os norte-americanos passaram a estudar alguns grupos tribais da região e suas respectivas línguas, com o objetivo de identificar sua organização e classificá-los linguística e etnicamente.
A etnolinguística não é uma disciplina isolada e autônoma, já que abrange domínios tanto da linguística quanto da antropologia. Ela se preocupa em analisar os relacionamentos entre a língua e a visão de mundo, bem como o contexto geográfico do fato linguístico.
A Psicolinguística
Estudo das conexões entre a linguagem e a mente. Analisa qualquer processo que diz respeito à comunicação humana mediante o uso da linguagem e as estruturas psicológicas que nos permitem compreender expressões, palavras, orações e textos em geral.
A psicolinguística relaciona-se com outras disciplinas como a ciência da linguagem, a neurologia, a neurobiologia, a psicologia e as ciências cognitivas. Ela é composta pelos seguintes domínios: aquisição da fala e compreensão da linguagem, percepção da fala, produção oral e escrita, leitura, distúrbios da linguagem e linguagem e pensamento.
A Neurolinguística
Ciência que estuda a elaboração central da linguagem e ocupa-se com os mecanismos do cérebro humano que suportam a compreensão, produção e conhecimento abstrato da língua. Trata da elaboração da linguagem normal e dos distúrbios clínicos que geram suas alterações.
Esse campo caminha na fronteira da linguística, da neurobiologia e da engenharia informática. O termo da neurolinguística tem sido associado com afasiologia, o estudo dos déficits linguísticos e sobre-capacidades, resultantes de formas específicas de danos cerebrais.
A Pragmática
Ramo da língua que estuda a linguagem no contexto de seu uso na comunicação. As palavras assumem muitas vezes outros significados distintos no uso da língua e, mais recentemente, o campo de estudo da pragmática passou a englobar o estudo da linguagem comum e o uso concreto da linguagem. Ou seja, a pragmática avalia os significados linguísticos determinados não exclusivamente pela semântica, mas aqueles que se deduzem a partir de um contexto extra-linguístico.
A pragmática tem como meta ir além da construção da frase e estudar os objetivos da comunicação.
Análise da Conversação
A análise da conversação é o estudo da interação verbal e não verbal em situações cotidianas e procura descrever a forma de interações formais e informais. Inspirada pela etnometodologia, das pesquisas de Harold Garfinkel e Ervin Goffman, foi desenvolvida nos anos sessenta e setenta pelos linguistas Harvey Sacks, Emanel Schegloff e Gail Jefferson. Hoje é um método estabelecido usado em áreas como sociologia, antropologia, linguística e psicologia.
Análise do Discurso
Consiste em analisar a estrutura de um texto e, a partir disso, compreender as construções ideológicas presentes no mesmo. O discurso em si é uma construção linguística atrelada ao contexto social no qual está inserido. Ou seja, as ideologias presentes em um discurso são diretamente determinadas pelo contexto político-social em que vive seu autor. Mais que uma análise textual, a análise do discurso é uma análise contextual da estrutura discursiva em questão.
A partir da análise de todos os aspectos do discurso chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do discurso não é fixo e encontra-se sempre em aberto para a possibilidade de interpretação do receptor. O objetivo do discurso é transmitir uma mensagem e alcançar uma meta premeditada através da interpretação e interpelação do indivíduo alvo.
♔ Gi Pistoresi ♔
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